Reforma Protestante

Como é bem sabido, a Reforma Protestante teve início com o questionamento do catolicismo medieval feito pelo monge alemão Martinho Lutero (1483 – 1546), por causa da venda de indulgências e outras práticas feitas pela Igreja na época. O estopim do movimento foi a fixação das 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg (Alemanha), em 31/07/1517. Em pouco tempo, os seguidores desse movimento passaram a ser conhecidos como “luteranos” e a igreja que resultou do mesmo foi denominada “Igreja Luterana.”

Com o decorrer dos anos o movimento cresceu e ao mesmo tempo encontrou resistência por parte da Igreja Católica medieval. Lutero traduziu o novo testamento do grego para o alemão enquanto ficou escondido no Castelo de Wartburg, fugido da severa perseguição da Igreja. A tradução começou a ser distribuída às pessoas, graças a Prensa Móvel criada por Johanes Gutenberg anos antes. Lutero foi usado por Deus para trazer as pessoas de volta à Sua Palavra e isso resultou nos conhecidos “5 solas da Reforma”, que são: Sola Scriptura (somente a Escritura), Sola Fide (somente a Fé), Solus Christus (somente Cristo), Sola Gratia (somente a Graça) e Soli Deo Gloria (glória somente a Deus). A intenção inicial do então monge era reformar a igreja, todavia as práticas heréticas enraizadas e a resistência do Clero não permitiram que isso ocorresse. As consequências da Reforma Protestante continuaram por muitos anos e tiveram reflexos não somente na religião, mas na economia, política, filosofia e outros meios, chegando em todos os continentes.

(Texto: Portal IPB – adaptado).

Foto: Estátua de Martinho Lutero (Reprodução internet).
Foto: Muro dos Reformadores – Genebra, Suíça (Reprodução internet)

Em agosto de 1560, sob a liderança de Knox, o Parlamento renunciou ao catolicismo e adotou a fé reformada para a Escócia. Em poucos dias, Knox e outros quatro homens redigiram a  Confissão Escocesa, nitidamente calvinista, que foi prontamente adotada pelo Parlamento. Em dezembro reuniu-se a primeira Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana da Escócia, que redigiu o  Livro de Disciplina ou constituição da igreja. Compareceram apenas seis pastores e 36 presbíteros. Na época, havia somente doze ministros protestantes em todo o país. No ano seguinte, subiu ao trono a rainha Maria Stuart, que se esforçou por restaurar o catolicismo, no que foi firmemente combatida por Knox. Forçada a abdicar, Maria fugiu para a Inglaterra, onde foi executada muitos anos mais tarde. Knox continuou o seu trabalho de reformador e pregador até a sua morte em 1572. Diante de seu túmulo, um líder declarou: “Aqui jaz alguém que nunca temeu a face do homem”.

Foto: Interior da Catedral de St. Giles – Edimburgo, Escócia (Reprodução internet)

O próximo líder da Igreja da Escócia foi Andrew Melville (1545-1622), que a tornou plenamente presbiteriana mediante uma revisão do primeiro Livro de Disciplina . Ele era dotado de grande cultura, conhecia vários idiomas e estudou o calvinismo em Genebra. Regressando para a Escócia em 1574, tornou-se o dirigente da Universidade de Glasgow e depois da Universidade de Saint Andrews. Travou lutas amargas com o jovem rei Tiago VI, que em 1603 também se tornou Tiago I da Inglaterra. Filho de Maria Stuart, ele havia sido educado como presbiteriano, mas acabou se tornando grande adversário dos reformados nos dois países, favorável que era ao sistema episcopal. Prendeu Melville na Torre de Londres por quatro anos e depois o baniu do país. Melville foi para Sedan, na França, onde lecionou em uma escola de teologia até o fim da vida. Um biógrafo da época disse: “A Escócia jamais recebeu maior benefício das mãos de Deus do que esse homem”.

A teologia reformada continuou a dominar a história da Igreja da Escócia, mas houve uma longa luta pela supremacia entre os sistemas presbiteriano e episcopal no final do século 16 e início do século seguinte. O presbiterianismo foi vigorosamente reafirmado em 1638, sob a liderança de Alexander Henderson, mas o episcopado voltou a ser imposto à igreja entre 1660 e 1689, quando ela tornou-se definitivamente presbiteriana.

Protestantismo brasileiro

As primeiras manifestações dos protestantes no Brasil ocorreram no período colonial, com a presença dos huguenotes franceses na Baía de Guanabara (RJ), no século 17. No entanto, a inserção definitiva da Reforma no Brasil somente se deu no século 19, primeiro com os imigrantes ingleses (anglicanos) e alemães (luteranos) e em seguida com as igrejas missionárias (congregacional, presbiteriana, metodista, batista e episcopal). Finalmente, no século 20 chegaram os pentecostais, dos quais procederam, mais tarde, os neopentecostais. 

(Texto: Centro Presbiteriano de Pós-graduação Andrew Jumper.)

Foto: Baía de Guanabara (Reprodução site CPAJ/Mackenzie)

Presbiterianismo

A segunda manifestação da Reforma Protestante ocorreu na Confederação Suíça, sob a liderança de Ulrico Zuínglio (Zurique) e João Calvino (Genebra). Desde o início, a Reforma Suíça ficou conhecida como “movimento reformado”, de onde provêm expressões como fé reformada, teologia reformada e tradição reformada. Com o passar dos anos, o líder mais destacado desse movimento veio a ser o francês João Calvino, cujo sistema doutrinário ficou conhecido como calvinismo. Os principais herdeiros do calvinismo desenvolveram uma forma de organização eclesiástica conhecida como presbiterianismo. O primeiro pregador do protestantismo na Escócia foi Patrick Hamilton, um jovem erudito, simpatizante de Lutero, que foi morto na fogueira em 1528. O pioneiro da fé reformada foi George Wishart, um jovem culto que estudou na Suíça e lecionou na Universidade de Cambridge. Condenado por heresia, foi igualmente queimado vivo, em 1546. Sua vida, pregação e morte causaram vívida impressão no povo escocês. O líder seguinte foi John Knox, nascido entre 1505 e 1515, que havia sido guarda-costas de Wishart. Depois de passar um ano e meio como escravo em um navio francês, ele fugiu para a Inglaterra, onde se tornou capelão do jovem rei Eduardo VI. No reinado sangrento de Maria Tudor (1553-1558), foi para o continente e passou três anos em Genebra, onde estudou aos pés de Calvino. Pastoreou uma igreja de refugiados de língua inglesa e retornou à Escócia em 1559, tornando-se o líder da Reforma em seu país. Naqueles dias conturbados, ele clamou: “Ó Deus, dá-me a Escócia ou morrerei!”

Foto: Sarça ardente, principal símbolo das Igrejas Presbiterianas.
Foto: Catedral de St. Giles – Edimburgo, Escócia (Reprodução internet)
Presbiterianismo na América do Norte

O principal grupo formador da igreja presbiteriana nos Estados Unidos foram os escoceses-irlandeses, ou seja, os descendentes de escoceses que haviam se fixado no norte da Irlanda e posteriormente emigraram para a América. Durante o século 18, pelo menos 300 mil cruzaram o Atlântico, indo radicar-se principalmente nas colônias centrais: Nova York, Nova Jersey, Pensilvânia, Maryland, Virgínia, Carolina do Norte e Carolina do Sul. No oeste da Pensilvânia, eles fundaram a cidade de Pittsburgh, por muitos anos considerada a cidade mais presbiteriana dos Estados Unidos.

Já no século 17 haviam surgido diversas igrejas locais presbiterianas, que viviam isoladas umas das outras. No início do século seguinte elas começaram a unir-se em concílios, uma das principais características do presbiterianismo. O principal líder dessa iniciativa foi o Rev. Francis Makemie (1658-1708), o “pai do presbiterianismo americano”. Ordenado na Irlanda em 1683, ele foi logo em seguida para a América do Norte. Fundou diversas igrejas em Maryland e outras regiões, e viajou extensamente incentivando os presbiterianos. Como a Igreja Anglicana era a igreja oficial em várias colônias, ele sofreu perseguições; chegou mesmo a ser preso em Nova York em 1706.

 (Texto: Centro Presbiteriano Andrew Jumper).

Foto: Primeira Igreja Presbiteriana de Nova York – EUA (Reprodução: Wikipedia/internet)

Presbiterianismo no Brasil

Oriundos da Reforma Suíça e de seus desdobramentos na Escócia, Irlanda e América do Norte, os presbiterianos foram a primeira manifestação permanente do protestantismo norte-americano no Brasil. Tendo começado no Rio de Janeiro em 1859, com a chegada do missionário estadunidense, Rev. Ashbel Green Simonton. Com o passar do tempo o presbiterianismo nacional se subdividiu em várias grupos: Igreja Presbiteriana do Brasil, Igreja Presbiteriana Independente, Igreja Presbiteriana Conservadora, Igreja Presbiteriana Renovada, Igreja Presbiteriana Unida.

Foto: Antigo símbolo usado pela Igreja Presbiteriana do Brasil (Reprodução internet).
Foto: Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro (Felipe R. Acosta – Reprodução Wikipedia).
Foto: Ashbel G. Simonton (CPAJ)

Os presbiterianos brasileiros congregam cerca de um milhão de fiéis e têm deixado marcas significativas na sociedade brasileira, especialmente no campo da educação e saúde, como exemplo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Instituto Presbiteriano Mackenzie, Instituto Presbiteriano Gammon (Lavras – MG), Instituto Cristão de Castro | Mackenzie (Castro – PR), Hospital Presbiteriano Dr. Gordon (Rio Verde – GO), Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (Curitiba – PR), Hospital Evangélico Dr. e Sra. Goldsby King e os inúmeros Colégios Presbiterianos espalhados pelo Brasil.

(Texto: Centro Presbiteriano de Pós-graduação Andrew Jumper – adaptado).


Presbiterianismo em Catanduva  

A Igreja Presbiteriana de Catanduva é uma comunidade cristã protestante de orientação reformada e está federada à Igreja Presbiteriana do Brasil. Foi organizada em 2 de março de 1924 com 69 membros comungantes e 58 não comungantes. Adota a Bíblia Sagrada como única regra de fé e prática, além da Confissão de Fé de Westminster e os Catecismos Maior e Breve, como sistema de exposição fiel das Sagradas Escrituras.

Antes da organização oficial da Igreja, os primeiros presbiterianos da cidade já se organizavam em reuniões e encontros durante o tempo em que a Igreja era ainda Congregação, entre o fim da década de 1910 e início da década de 1920. Os pioneiros eram oriundos da Igreja Presbiteriana de Palmares Paulista, que após uma grave epidemia, tiveram que sair da cidade e migrarem a Catanduva. A Sociedade Auxiliadora de Senhoras (hoje chamada de Sociedade Auxiliadora Feminina – SAF), por exemplo, foi organizada em 6 de dezembro de 1922, quando a IPC ainda era Congregação. As irmãs pioneiras tiveram papel fundamental para auxiliar a então congregação a tornar-se igreja organizada. 

O templo no número “400” da Minas Gerais, foi concluído no fim da década de 20 e após alguns anos, passou por uma reforma de ampliação que modificou sua fachada, dando espaço à construção de uma galeria/mezanino que comportasse mais pessoas.

A IPC participou ativamente da comunidade catanduvense. No campo social, por exemplo, fundou o Educandário Presbiteriano “Presb. Delfino de Oliveira”, que funcionou durante décadas abençoando a vida de centenas de crianças e adolescentes carentes. O Coral Presbiteriano “Nassima Cassis Alexandrino”, organizado na década de 1950, representou o município no programa televisivo de Silvio Santos, o “Cidade x Cidade”, além de levar o Evangelho cantado a várias cidades da região.

Ao longo dos anos, o trabalho missionário foi expandido para cidades vizinhas e sementes do Evangelho foram plantadas em Catanduva (Vila Motta e Bom Pastor – esta que hoje é a Segunda Igreja Presbiteriana de Catanduva) e cidades como Itajobi, Santa Adélia, Olímpia (recentemente organizada em Igreja), Pirangi, Pindorama e Vista Alegre do Alto, essas três últimas possuem congregações que futuramente serão organizadas em igrejas. Atualmente, possuímos parcerias com a JMP (Junta Missionária de Pinheiros), JMN (Junta Missionária Nacional da IPB) e Asas de Socorro, além de missionários em outros países, através da parceria com a APMT (Agência Presbiteriana de Missões Transculturais).

O Evangelho pregado há 100 anos continua a ecoar pelos 4 cantos de Catanduva, da região e do mundo através de irmãos valiosos que amam a Cristo. A Ele toda honra e glória!